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8 semanas do meu parto natural. 8 semanas de muito amor pela minha terceira joia.

A maternidade é complexa e aprendemos a cada dia desde o parto (ou antes dele). Mas é sobre meus partos e os nascimentos das minhas filhas que vou falar hoje.

A Bruna me ensinou que o amor de mãe não tinha tamanho. Fui para o centro cirúrgico animada porém tensa e o que mais me incomodou não foi a anestesia ou a fumaça e o cheiro de carne queimada do bisturi elétrico, foi aquela ‘tenda’ enorme entre nós. Eu não conseguia vê-la saindo de mim e os segundos que se passaram entre seu nascimento e o primeiro choro pareceram eternos. Eu encararia qualquer corte ou sangue para vê-la o quanto antes, mas não podiam mexer no campo cirúrgico. Finalmente quando escutei um barulhinho que significava sua vida fora de mim, cai em prantos. Chorei de soluçar. Era real, ela estava ali! A levaram dali por alguns minutos mas o papai foi junto. Depois de mais um carinho, ela foi para o berçário enquanto terminavam de me costurar e limpar a sala. Nem fiquei na sala de recuperação direito e já me levaram pro quarto. Nessa hora ela estava tomando banho com a ajuda do pai enquanto a família toda assistia emocionada. Aos poucos eles foram para o quarto e viram que eu já estava por lá. Cerca de 3 horas depois do nascimento ela já de roupa foi para o quarto mamar.

A Clara já chegou me mostrando que eu era capaz de muito mais do que imaginava. Foi em outro centro obstétrico, deitada e imobilizada, que eu descobri que eu podia “parir” uma criança. Não era lenda! Nem a sonhada analgesia eu tive e veja só, ela nasceu! Nós ficamos extremamente excitados com o ocorrido! UAU! Eu consegui! Mal podia acreditar. Eles me cortaram um pouquinho pra ajudar a bebê nascer logo (!), cortaram o cordão correndo e me entregaram. Ficou ali por alguns minutos, mas depois que foi para alguns procedimentos, ela não pôde voltar para a sala. O ar condicionado estava muito gelado pra ela. Foi na sala de recuperação que amamentei minha filha, ainda na primeira hora de vida. Ficamos ali por um tempo. Quando subimos, fui pra o quarto e logo depois ela foi para o berçário. Perguntei se ela podia ir para o quarto quando minha mãe chegou de Minas, mas ela estava muito ocupada no berço (sinta a ironia) sendo observada bem longe dos olhos das enfermeiras. Ja tinham dado o primeiro banho nela e estava tranquila dormindo. Mas o pós-parto foi chato. 2 pontos abriram. Tive que refazer no consultório depois de 1 semana. Foi ruim. Aquele corte era realmente incomodo.

Quando eu me preparei para colocar o DIU, minha menstruação atrasou.

Era a Alice, que veio pra me mostrar que a nossa família poderia ser ainda mais completa e pra me fazer passar por um experiência de parto realmente perfeita (do ponto de vista físico mesmo, sem o romantismo).
Dessa vez eu tinha muito mais informação. Sabia o que eu queria e o que não queria.
O que eu não queria? Outra sala de centro cirúrgico gelada. O mundo perfeito? Uma sala de parto normal equipada com banheira, bola, chuveiro e o que mais precisasse para aliviar as dores do trabalho de parto. Meus planos eram mesmo de ir para a maternidade, mas percebi que na maternidade X eu corria risco de não ter a sala de parto disponível e acabar em um centro cirúrgico gelado e cheio de panos azuis. Na maternidade W, poderia ter banheira mas a estrutura não era das melhores. Na Y, não teria banheira. Na Z, nem banheira e nem respeito. Eu não queria ser uma visita que fica incomodando com suas vontades fora do script/protocolo. Eu sabia que podia parir e queria fazer isso em paz. Escrevi as minhas regras, os meus desejos, o meu plano de parto. Me preparei a gravidez toda. Preparei meu corpo e minha cabeça. Quando chegou a hora, tudo aconteceu da melhor forma possível. Tive meu marido, minha mãe e minha sogra ao meu lado. Uma doula querida e muito presente que me fez esquecer da dor. A minha mão foi a primeira a tocar minha filha. As do meu marido foram as que a colocaram no meu colo. Mesmo com o cordão um pouco curto curti com a minha filha no colo por 35 minutos. O cordão foi cortado quando estava totalmente branco e ela veio direto pro peito. Quem a observou de perto a maior parte do tempo fui eu. Menos de 2h depois do parto estávamos no meu quarto, prontas pra dormir. Ela não precisou ser esfregada e nem tomar banho para ficar limpa e linda. E aquele cheiro de vérnix? Delicioso. Não tive laceração, não precisei de pontos e muito menos do ponto do marido (o ponto machista que levei no parto da Clara e mal sabia do que se tratava). A minha médica não foi menos médica por isso. Ela estava disponível para intervir se fosse necessário, assim como a pediatra e a enfermeira.
Nada foi feito sem que eu soubesse. Não costuraram, não deram banho, colírio, vacina sem que eu pedisse ou fosse necessário.

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Empodere-se. Informe-se. Faça escolhas conscientes.

E é isso que é humanizar e respeitar.

Na banheira, na banqueta, na cama, no hospital, com analgesia, não importa. Tudo isso pode fazer parte do ‘pacote’ humanizado se essa for a escolha da mulher.

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Relato de parto da cesárea: https://www.analumasi.com.br/relato-de-parto-da-bru-parte-2-o-grande-dia/

Relato de parto normal depois da cesárea: https://www.analumasi.com.br/relato-de-parto-da-clara-vbac-parto-normal-apos-cesarea/

Sobre O Meu Renascimento do parto: https://www.analumasi.com.br/sobre-o-meu-renascimento-do-parto/

Para um parto humanizado não basta querer, tem que se informar  https://www.analumasi.com.br/para-um-parto-humanizado-nao-basta-querer-tem-que-se-informar/

Alice nasceu! Entenda a diferença da recepção ao bebê em um nascimento com equipe de parto humanizado – https://www.analumasi.com.br/alice-nasceu-entenda-a-diferenca-da-recepcao-ao-bebe-em-um-nascimento-com-equipe-de-parto-humanizado/

Relato de parto natural domiciliar: https://www.analumasi.com.br/relato-de-parto-natural-humanizado-domiciliar-da-alice/

Sobre Aninha

Mãe de um trio de meninas: Bruna (6), Clara (4) e Alice (2). Dedico meu tempo à minha família e ao LookBebê. Antenada, adoro redes sociais e tecnologia e mais ainda, compartilhar conhecimento e informações sobre a maternidade. Sou (fui) Biomédica, pós-graduada em Engenharia Biomédica, mas optei por mergulhar de cabeça na maternidade.