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Qual criança que não gosta de sentar no chão e brincar com areia? Fazer papinhas e comidinhas? Seja seca ou molhada, dá para criar um universo inimaginável! As crianças adoram!

Baseando-se nisso, tenho me sentido intrigada em compreender por que a areia é um elemento que chama a atenção das crianças e que, muitas vezes, se deixar, passam horas entretidas.

Pesquisando sobre a função da areia, encontrei as seguintes ideias: a areia é um material naturalmente terapêutico, porque consiste de grãos minúsculos que dão plasticidade e suavidade, permitindo a criatividade. Provoca sensações táteis variadas, dependendo de estar seca ou molhada.

Ao mexer na areia inicia-se uma modulação no estado mental (introspecção) e também o surgimento de fantasias, resultando na construção de uma cena ou objeto. A ideia central é de que, ao construir algo ludicamente, sem o estímulo de qualquer verbalização, conteúdos internos ou da própria realidade são expressados. Ou por simples prazer (sensações corporais).

O brincar na areia é um momento LIVRE, pois a criança tem liberdade de criar algo sem regras fixas, utilizando-se de criatividade, objetos, água e da própria areia para sua expressão. A escolha de um tema, de uma cena ou de um objeto resulta de um complexo sistema de articulações, catalisadas por um processo de simbolização. A criança constrói uma imagem concreta na tentativa de expressar o que havia pensado ou imaginado.

A criança costuma se dedicar à criação dos cenários de forma mais espontânea e despreocupada do que os adultos e o fantasiar se torna real. Por exemplo: tem crianças que fazem comidinhas com a areia e acabam comendo de verdade, pois acreditam que aquilo é tão real, pois foi feito por si própria. Isto ocorre porque o mundo ainda é uma novidade para elas, que precisam assimilar uma série de informações com as quais entram em contato todos os dias. Por isso, às vezes, o faz-de-conta é verdadeiro e, outras vezes, “mentirinha”.

O brincar na areia remonta ao primitivo, nossas origens e base. Tem como significado: quantidade, abundância, matriz, plástica, segurança e repouso, chão, elemento amorfo, sem forma que permite a criação de um formato a partir da criatividade e das mãos.

No mundo de hoje não brincamos na rua, no mato, no chão e com os elementos da natureza! Não deixe de proporcionar ao(s) seu(s) filho(s) a brincadeira espontânea e natural, deixando um pouco de lado os jogos e brinquedos prontos! Vamos criar!

Em relação à areia, temos que ter alguns cuidados (bichinhos, micróbios e bactérias e afins), mas não precisa entrar numa paranoia. O importante é tentar resgatar o lado lúdico e o simples ato de brincar! Seja de areia, água, tinta, argila, pedras, sucatas, pedacinhos de panos, papelão, etc.

Sobre Lilian Britto

Graduada em Psicologia pela Universidade Salvador – UNIFACS e pós-graduada em Psicologia Analítica pela Psiquê - Centro de Estudos C. G. Jung, atua como psicóloga clínica com crianças e adolescentes. Além de coordenadora de cursos da Clínica Psiquê, presta trabalho voluntário na Fundação Lar Harmonia junto a crianças carentes. Apesar de ainda não ser mamãe, é apaixonada por crianças e, por isso, dedicou e dedica a sua formação profissional nesse fantástico mundo infantil.