Um ano. No post de hoje vocês vão reviver comigo como foi entrar em trabalho de parto e ter um Parto Normal após Cesárea (VBAC). Como são as contrações verdadeiras? Como evolui o trabalho de parto? É contração ou dor de barriga? Leiam bastante sobre o assunto! Pode ajudar muito!!

Há um ano eu sentia pela primeira vez o que eram as dores do parto, apesar de ser a segunda gestação.

Tudo começou com uma cólica que me tirou o sono as 5 da manhã. Essa cólica vinha desde as costas até a frente. Eu não imaginava que minha filha chegaria ao mundo ainda naquele dia. A fisioterapeuta veio em casa conforme havíamos agendado. Fiz drenagem linfática nas pernas e braços (apesar de não estar muito inchada comparada à gestação anterior), massagem perineal para tentar ajudar no Parto Normal e enquanto isso as contrações continuavam.

Eu, inocente (ou mal assessorada?), achava que estava “longe” ainda. Como contei no post Os pródromos e o pré-trabalho de parto, eu só resolvi ir ao hospital quando as contrações estavam de 5 em 5 minutos e depois de deixar a Bruna na escolinha para o segundo dia de adaptação dela.

Passei um nervoso tremendo por não saber se estava de fato com as contrações do parto ou não. Fiquei suando, vermelha, tremendo, chorando. Chamei o marido que estava em um almoço há mais de 20km de distancia e ele veio me buscar. Enquanto isso fui bebendo água, água, água. Minha bexiga quase estourou (rsrs) a caminho do hospital (que ficava há mais de 25km).

Fui, fizeram o toque, 3 a 4 contrações em 10 minutos sem dilatação. Voltei pra casa e tomei remédio para inibir as contrações. Tarde demais. Aquele toque já havia feito o trabalho de parto evoluir e eu ainda achava que ela não nasceria aquele dia. Fiquei na cama com dor escrevendo o post no celular de como eu tinha passado o dia e como era o tal “trabalho de parto falso”. UHUM. Falso o CA**TE.

Com as contrações veio a dor de barriga. Era meu organismo querendo limpar tudo.

O Relato de Parto da Clara (VBAC – parto vaginal após cesárea) foi descrito com detalhes nesse post.

Banho, água caindo nas costas. Contrações mais fortes. Pensei em pintar minha unha rapidinho, caso precisasse voltar para o hospital, mas as contrações não deixavam. O médico pediu que eu voltasse pro hospital. A mala da maternidade não havia sido fechada ainda. Entre uma contração e outra eu pegava alguma coisa. Saímos de casa umas 20:30 talvez.

Cheguei, pedi atendimento e a FOFA (só que não) da enfermeira deve ter demorado uns 20 minutos para entrar na sala de pré-parto e me examinar (Devia ter gritado alto… acho que só assim saberiam da minha dor). Mais dor de barriga. Antes que o cardiotoco pudesse registrar o primeiro minuto de contrações (que deviam ter intervalo de 1 minuto ou um pouco mais) ela viu que eu tinha SETE centímetros de dilatação.

Ela correu pro telefone. Ligou pra médica às 21:50, que depois de se trocar como um relâmpago dirigiu – mais de 25-30Km – (é, eu não sabia que ela morava em Santo André e meu médico estava viajando) até o hospital.

Enquanto isso eu fiquei deitada da maca na outra sala (pré-parto 2) com as dores cada vez mais fortes. Eu não pedi para chamarem o anestesista do hospital pois acreditava que o da equipe do meu médico estava a caminho. Esperei, esperei, xinguei, esperei, xinguei, implorei pra ele aparecer e nada. Reclamava da dor e ninguém podia fazer nada.

Falei com a enfermeira que estava sentindo algum liquidozinho… ela fez outro toque e eu estava com 10cm de dilatação. Me transferiram para a sala cirúrgica para esperar A HORA. Caçaram uma médica no corredor para me ajudar, caso a minha médica não chegasse. Pedi também o anestesista de plantão.

Que m**** de assistência. Quando lembro de tudo, penso que eu não devia ter economizado na Doula, que provavelmente estaria do meu lado. Fiquei o tempo todo na pior posição, a mais dolorida, que é a deitada (achando que era melhor assim porque senão a médica não teria chegado e o parto aconteceria sei lá com quem me auxiliando). Gastei $$$ em consultas particulares, com equipe top e na hora “do vamos ver” a ansiedade, medo, e tudo mais tomavam conta. E no dia eu não achei ruim. Eu tive uma assistência remota, através de SMS. /o\

Meu marido sempre ao meu lado, um fofo, mas ele também nunca havia passado por aquilo, então por mais que quisesse ajudar, não podia fazer muito mais do que me acalmar, pedir pra eu respirar fundo na hora da contração e me dar a mão dele para apertar.

"Chegou a hora!!! 7 cm de dilatação e muita dor!!! Tadinha da @analumasi"
Breno: “Chegou a hora!!! 7 cm de dilatação e muita dor!!! Tadinha da @analumasi”

A sala estava cheia de gente. Uma médica sentada no canto com um livrinho na mão, e depois a plantonista trocou com ela. Enfermeira, técnica, e sei lá mais quem entrando e saindo toda hora. A equipe de filmagem chegou! Que alivio, eu queria mesmo registrar o nascimento. O problema foi que eles ficaram no cantinho da sala pra não atrapalhar, aguardando. Um dos meninos me olhando com cara de assustado. Só começaram a filmar quando a Clara já estava saindo.

As 22:30 a bolsa estourou. Mais algumas contrações e a médica chegou. E ela ainda queria me dar anestesia. Não deu tempo. Fez o corte (episio) menor do que o de costume (que hoje eu acho desnecessário), e na contração seguinte, as 22:41, a Clara chegou iluminando. 

Parto normal após cesárea VBAC

Depois de longos 7 minutos lembrei da coitada da minha sogra lá fora com a Bru e mandei liberar o vidro. Meu cunhado e a Tha tb estavam lá. Nem eu acreditava que tinha sido sem anestesia. Descobri que sou muito mais forte e mais tolerante a dor do que eu imaginava.

O pós-parto foi chato. Chato porque a dor na bundaaaaaa no primeiro dia era horrível, de tanta força que eu fiz contra a cama na hora da contração. Para aliviar o cóccix, eu sentava em cima do ponto da episio, e no segundo dia foi ele q começou a me incomodar. No terceiro dia (que tivemos alta), uma freada com o carro (e eu no carona) e 2 dos 4 pontos se abriram. Ainda levei bronca porque acharam que fiquei pegando a Bru no colo e que a culpa era minha por ter abusado. Eu não lembrei do carro, até o meu marido me lembrar. Conclusão: tive que refazer os pontos e o incômodo durou mais tempo do que deveria.

Eu não mudaria em nada os dois partos, apesar dos pesares. O primeiro foi uma cesárea agendada, pois a Bruna não estava ganhando peso nos últimos US. No segundo, eu só topei tentar um PN porque o médico top era super a favor e me garantiu um PN gostoso, sem dor e que eu curtiria. Não foi assim porque ele não estava presente, mas foi ótimo pois senão não teria nascido sem anestesia e eu não saberia que é possível pra mim.

Quando me perguntam se eu quero ter um terceiro filho eu brinco que não, que não tenho condições para ter mais um, nem psicológicas e nem financeiras, mas a verdade é que eu, Mulher, gostaria de ter mais um parto. Conhecendo a dor e como tudo acontece, eu saberia curtir cada momento, aliviar cada contração, e não teria mil panos azuis e nenhuma sala fria ao redor. Por enquanto vou buscar uma cunhada, amiga, irmã que queira PARIR pra eu curtir junto. hahaha

E quando alguém que já teve um Parto natural ou normal falar pra você que é diferente, acredite, é diferente. Não é mais, nem menos, melhor ou pior, e não deve ser criada uma fixação/neurose pelo tipo de parto. Eu nunca havia aceitado o termo Parir. Achava feio, arcaico, da idade das pedras, mas eu estava enganada. Só quem pari, sabe. É uma experiência única que realmente nos traz mudanças na forma de ver toda essa modernidade de parto agendado e recepção festiva ao invés de preocuparmos com a forma de nascer, o colo, o peito a ligação na primeira hora de vida e os procedimentos desnecessários e protocolos aos quais somos submetidos. Já falei sobre isso no post Sobre o Meu Renascimento do Parto e recomendo muito que assistam ao documentário.

renascimento do parto

Desculpem o post “repetitivo” porém resumido sobre esse dia tão especial. Quando pensei no nascimento da Clara, foi impossível não reviver isso. Para a mulher, a data de nascimento de um filho não é só isso, é a data do parto dela, o dia em que ela botou o filho ao mundo e viveu todas as emoções em alguns minutos ou horas. É SIM um dia nosso, de vitória!

O desenvolvimento da Clara nesse ano já foi falado nos posts:

Ela continua com 2 dentinhos, adora comer com as mãos, fica em pé e arrisca trocar o pé, mas ainda não dá passinhos.

Sobre Aninha

Mãe de um trio de meninas: Bruna (6), Clara (4) e Alice (2). Dedico meu tempo à minha família e ao LookBebê. Antenada, adoro redes sociais e tecnologia e mais ainda, compartilhar conhecimento e informações sobre a maternidade. Sou (fui) Biomédica, pós-graduada em Engenharia Biomédica, mas optei por mergulhar de cabeça na maternidade.