Com cesárea anterior, a Rafaella e o Luiz fizeram o pre precisaram para realizar o sonho do parto natural. Veja abaixo o relato do parto domiciliar da Catarina, que chegou após duas semanas do início dos pródromos.
“Relato de parto: Escrevo para não esquecer, o que na verdade acho que não faria. Escrevo então para que um dia possa ler para Catarina, com detalhes, sobre a sua iluminada chegada a esse mundo.
PARTE 1 – Os longos pródomos
{dia 04.04.2018 – 37 semanas e 3 dias} – 10h, uma forte cólica me acorda. Estávamos apenas eu e seu irmão em casa. A dor ia se intensificando a cada minuto, e algumas contrações começam a me tirar do mundo. Preocupada com o Pi, e com tudo o que estava sentindo, aviso seu pai e as meninas, peço para eles virem logo. Entro no chuveiro para aliviar a dor e deixo seu irmão vendo tv na sala. A dor havia tomado conta de mim, tive diarreia de tanta dor. Não sei exatamente quanto tempo passou, seu pai chegou e logo a Vivi também. A Fê chegou também e logo o Pi foi pra escola. Eu não conseguia comer nada, tudo que comia eu vomitava depois. Chuveiro, andar, massagem, agachar. E logo Pietro voltou da escola, 3h antes, porque estava com reação de vacina.
A dor foi perdendo a força durante o dia, ela não tinha o mesmo ritmo. Comi um pouco. Fechava os olhos a cada contração e o tempo já não estava próximo de mim. A Vivi foi pro plantão e a Kaline chegou logo depois. Pi dormiu e eu só queria que a Catarina chegasse logo. Achei que estava no limite da dor. Dor que eu ainda estava distante de conhecer. Comemos pizza e nada das contrações pegarem o verdadeiro ritmo. Um exame de toque me desanima e depois de mais um banho, resolvo descansar. As meninas vão embora e combinamos delas voltarem no dia seguinte. A partir daí, entendi que estava nos pródomos. O trabalho de parto, estava próximo mas ainda não era o momento. Alguns dias depois, comecei a perder o tampão, carinhosamente apelidado de maravigosma pela Vivi <3 e a cada dia era uma nova esperança de que a Catarina viesse.
Quanto vale um sonho?
Uma ansiedade que tomava conta de mim e de todos ao meu redor. Mas estávamos a sua espera, levasse o tempo que precisasse. Nos dias seguintes procurei me exercitar, faxinar, dançar, namorar… e esperar.
Longos dias já haviam se passado. Pietro nasceu de uma cesárea, que me frustou por todos esses seus quatro anos. De uma coisa tinha certeza: de que quando engravidasse de novo faria tudo diferente. E fiz, pré natal todo com a equipe de parto domiciliar. Era meu sonho, que aos poucos se tornou do Luiz também. Para isso, até o carro vendemos. Queria me redescobrir, queria parir e parir com meus dois amores ao meu lado, meu marido e filho. Mas sabia que essa minha escolha estava ligada à espera. Então, precisei controlar toda minha ansiedade para que Catarina pudesse vir ao mundo com respeito, no seu tempo.
Parte 2 – Trabalho de Parto

Dia 16.04 acordo com contrações e elas eram diferentes das outras que já havia sentido. Começo a marcar num aplicativo o tempo em que elas vinham, estavam de 10 em 10 minutos. Aviso as meninas e o Luiz.
Eu tinha consulta naquele dia, então elas me avaliariam mais tarde. Lá vamos para o chuveiro, eu Pi e os Pokémons. A dor era mais forte, mas totalmente suportável. Uma amiga buscou Pi pra ir pra escola e eu pude descansar um pouco. No fim da tarde a Kaline e Vivi chegaram para a consulta, as contrações continuavam de 10 em 10 minutos. Vimos num aplicativo que a lua (Santa lua!) mudaria as 20h e eu confiei naquilo. Elas foram embora e disseram que me aguardariam avisar assim que a lua mudasse.
Luiz chegou do trabalho e eu disse que queria ir ao mercado. A dor já me incomodava muito. O intervalo estava diminuindo. 20h e alguns minutos, estava no mercado e o intervalo já estava de 5 em 5 minutos. Lembro de fazer mercado agachando no chão a cada contração.
Viemos pra casa, Pi dormiu e nós fomos jantar. Eu mal consegui comer, já achava que estava no meu limite da dor. Coitada! Não tava nem perto. Avisei as meninas que tava muito forte e as 3h da manhã a Fê chegou. Fez exame de toque e não quis me contar quanto estava para eu não ficar ansiosa. Tentei dormir mas não conseguia. A dor não me deixava descansar. Parceria que não teria fim. Vi o sol nascer e logo Pi acordou.
Fase latente?
As contrações ainda estavam de 5 em 5 minutos. Mas acho que quando Pi acordou, elas ganharam um espaço maior. Com ele acordado, meu pensamento ia pra outro lugar, queria dar atenção, queria que ele se alimentasse, e não queria que ele me visse com tanta dor. A Kaline chegou logo depois que o Luiz tinha arrumado a mesa do café.
Pietro estava eufórico, primeiro porque havia dormido mais de 12h seguidas e segundo porque estava sentindo a energia que estava em casa. As meninas já haviam trago todos os materiais, ele sabia que sua irmã estava chegando. O tempo agora passava muito rápido, meus olhos mal se abriam, estava já exausta. Não conseguia comer ou dormir, mas eu também sabia que minha pequena estava chegando. Pi foi para escola e eu novamente me conectei com o momento. Eu chorava e gritava às vezes, achei que não suportaria mais.
As 15h e alguns minutos, mais um exame de toque. De novo a Fê não me fala quanto está. Nesse momento entendo que não evoluiu muito e me frustro. Vou para o quarto e deito. Sinto vontade de chorar, e ela acende um cheirinho no quarto. Fecho os olhos e sinto uma contração muito forte e um líquido quente escorrer de minhas pernas. Peço pro Luiz chamar elas, que estavam na sala. A bolsa tinha estourado!!! Que alívio!
Parte 3 – Bolsa rota! Alívio ou não…? Fase ativa?
Fui pro chuveiro, e a Ka me trouxe a bola de pilates. Aqui, já estava na partolandia. As contrações estavam praticamente sem intervalo e me lembro vagamente desse ser o pior momento do trabalho de parto. A bola ajudava na dilatação e etc, mas intensificava as contrações. Perdi real a noção do tempo, a Fê tentava me dar sorvete na boca para eu conseguir ter força para mais tarde.
Do chuveiro fui pro chão do banheiro e lá fiquei por horas. A cada contração, um grito, a dor era insana. Eu só pedia para ir pro hospital e a Fê e o Luiz me pediam calma, me davam a mão e me abraçavam. Me fortaleciam a cada dor. Quando me vi estava no sofá e lá fiquei. Não tinha força para sair. Luiz ficou do meu lado todo o tempo e as meninas na minha frente. Não sei da onde tirei força. Parir é visceral. Pi chegou da escola já eram mais de 18h e agora eu só sentia vontade de fazer força.
Período Espulsivo
As músicas que eu escolhi para esse momento tocavam ao fundo. Tentava me conectar nelas mas a dor me tirava desse mundo. Pi chegou, pediu um livro, sentou no sofá e dormiu. Achei que ele não estaria acordado quando a irmã nascesse. Mas não conseguia pensar muito naquilo. A cada contração, uma vontade incontrolável de fazer força, era muita dor mas não conseguia não fazer a força. Kaline e Fê me encorajavam a cada uma delas, diziam que Catarina estava chegando. Em um certo momento me pediram pra colocar a mão. E nesse momento senti sua cabecinha, seus cabelos saindo. Senti o conhecido círculo de fogo, estava queimando. Pietro acordou, ficou de frente e teve a visão mais privilegiada.
Mais algumas contrações e quando menos imaginei, ao som de Californication, música preferida do seu irmão, Catarina veio ao mundo pelas mãos da Fê e logo veio para meu colo. EU PARI! EU PARI CATARINA! Agora éramos quatro! Toda a dor foi embora e só tinha amor na minha casa. Ela veio direto para meu seio e mamou por muito tempo. Depois de alguns procedimentos, Luiz e Pietro cortaram o cordão que ainda a ligava a placenta. Que emoção indescritível. Gratidão por todos que me permitiram viver isso. Meu marido, meu filho e minha equipe maravilhosa. ❤️”
Mãe: Rafaella
Pai: Luiz
Irmão: Pietro
Equipe Matrona – Fê, Kaline e Vivi.
Contato: @grupomatrona (instagram.com/grupomatrona)
Relato enviado pela família.
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