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Vocês já viram alguém que tem argumentos se calar? Não, né? Nem eu.

Quando engravidei da minha primeira filha eu fiz natação dos 6 aos 9 meses de gestação. Lembro bem de uma colega que queria Parto Normal (PN) e eu achava uma loucura! A idiota aqui ainda tentava “convencer” do contrário… Falava: “pra que sentir dor?”, affff, “cesárea é muito melhor”, “imagina que eu vou esperar mais de 40 semanas… nunca!”. A ignorância falava mais alto. Ela só me olhava com aquela cara de “AHAM, senta lá” e continuava a vida dela e eu a minha. Mas ela não era ativista, era só uma gestante. Ela não ia discutir e nem argumentar, muito menos ser convencida do contrário ao que ela acreditava porque sabia muito bem o que queria.

Eu dizia para a médica que se nascesse de normal (tipo escorregado, sabe?) eu encararia, senão ia pra cesárea mesmo. Aí com umas 37 semanas o ultrasom não mostrava mais ganho de peso. Com 37 semanas e meia, a mesma coisa. A ultrassonografista me apavorou que se fosse ela já marcaria a cesárea porque a bebê não estava ganhando peso e ganharia fora da barriga (além de estar com uma circular de cordão). Saí de lá aos prantos, nervosa porque a hora estava chegando. Fui na minha médica e ela concordou com a outra médica que seria melhor “tirar para ganhar peso” apesar do doppler e placenta estarem completamente normais. O líquido estava baixo, então ela já me afastou do trabalho e eu esperaria em casa mais uma semana até o parto. Fui acompanhando e fazendo cardiotoco com 38 semanas e alguns dias. Eu queria o parto na quinta-feira, para receber visita sexta e sábado e ter alta domingo (affff), mas nesse dia ela estava sem médico assistente. Na hora de resolver o dia que a Bruna iria nascer, ela disse que seria até melhor esperar mais uns dias para que o pediatra do hospital não desse uma “bronca” nela por tirar antes de 39 semanas. Eu concordei e marcamos para o sábado, com 39 cravadas.

Graças a Deus ela nasceu bem, com apgar 9 e 10, mas como esperávamos, um pouco magra: 2,590Kg, e foi considerada pelo Neonatologista como “baixo peso”.

HOJE eu sei que:

1- não tinha urgência nenhuma na cesárea pela “falta de ganho de peso”, já que o doppler e placenta estavam normais

2- não tinha mesmo que tirar antes de 39 semanas

3- Fazer um monte de ultrasom seguido só atrapalhou

4- circular de cordão também não é motivo para cesárea

Insuficiência placentária é sim um motivo para uma cesárea, mas nesse caso é de emergencia. Não existe necessidade de cesárea para dali uns dias ou 1 semana.

Na segunda gravidez resolvi tentar o PN, mas como já contei aqui se não fosse o médico particular me encorajar eu dificilmente tentaria. Mas não me informei o suficiente. Achei “tudo bem” a episiotomia, ponto do marido e outras intervenções. Não entendi os sinais do trabalho de parto. Não deu tempo da analgesia (apesar de pedir muito pois estava despreparada para viver aquele momento). E mesmo com essas intervenções (que eu não sabia que eram desnecessárias) eu estava orgulhosa PRA CAR*LHO por ter conseguido parir. literalmente. Foi a primeira vez que aceitei essa palavra “primitiva” como eu achava. Eu nunca imaginei que conseguiria ter um parto sem analgesia.

Senti uma energia, um poder, uma coisa sem explicação depois do parto (apesar do pós-parto ter sido muiiiito chato).

Agora estou grávida novamente e espero para a terceira um Parto Humanizado. Hoje tenho muiiiiito mais informação, entendi o EMPODERAMENTO e vez ou outra acabo não me segurando e entrando em “discussões” sobre parto.

Ontem em um grupo de mães, algumas defendiam o direito de escolher a cesárea. Depois de trocarmos várias mensagens, uma delas comentou que: “Esses defensores do Parto Normal são muito chatos e ficam tentando convencer os outros. Cada uma faz o que quer com a própria periquita”.

Entendo sua frustração, querida. Deve ser estranho não entender o que tem de tão especial né?  E porque esse povo chato fica batendo na mesma tecla, tentando convencer os outros.

Sabe porque? Porque eles tem argumentos, conhecimento e sentiram uma energia que você não sentiu. Elas sabem de algo que vocês não sabe e gostariam de compartilhar.

Me perdoem misturar parto e religião, mas me veio agora uma luz. É a mesma situação daqueles evangélicos chatos que ficam tentando converter a gente, né? Ninguém entende o que tem de especial, só quem vive aquilo. Eu não sou evangélica, mas entendo que as pessoas que sentem o poder de Deus transformando a vida delas quer que todo mundo sinta também o quão maravilhoso é.

E eu acho que é isso… Pode doer pra caramba e pode não ser o que você busca (talvez por falta de conhecimento, talvez não), mas só quem vive aquilo pode contar.

Isso nada tem a ver com a maternidade, com ser mãe, com dedicação. Isso tem a ver com uma transformação da mulher.
Quando me diziam que a dor do parto é uma dor “gostosa” eu não entendia. Até sentir. Dói demais, mas acaba ali quando o bebê nasce. E você renasce.

Quando vejo as doulas e pessoas da área falarem emocionadas e arrepiadas da ocitocina, o hormônio do amor, eu entendo. Sorte delas que podem reviver aquilo a cada parto que acompanham. <3

E vale lembrar: não vale tudo pelo PN e você tem que se preparar. A saúde do bebê está em primeiro lugar e o trabalho de parto deve ser muito bem assistido.

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Imagem: ShutterStock

Ah! E o Parto Normal pode ser muito diferente do Parto Natural e Humanizado, mas isso é assunto para outro post. 😉

Sobre Aninha

Mãe de um trio de meninas: Bruna (6), Clara (4) e Alice (2). Dedico meu tempo à minha família e ao LookBebê. Antenada, adoro redes sociais e tecnologia e mais ainda, compartilhar conhecimento e informações sobre a maternidade. Sou (fui) Biomédica, pós-graduada em Engenharia Biomédica, mas optei por mergulhar de cabeça na maternidade.