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Aos 3 anos a criança atinge a “maior idade”, pois é uma fase marcada pela autonomia de si: aprende a controlar os esfíncteres anais e a bexiga, já adquiriu todos os instrumentos necessários para formar frases e conversar e o desenvolvimento de maneira geral começa a dar passo mais largos. É uma idade em que a criança torna-se um indivíduo competente, comunicativo e apto para ingressar à escola.

O seu crescimento ainda é baseado na fase motora: os pés são mais firmes e mais ágeis; caminha em posição ereta e é capaz de dar voltas apertadas sem fazer complicadas manobras. Toda a sua organização motora está mais equilibrada e mais fluida — já não anda com os braços esticados e desordenados, e sim um pouco a maneira do adulto.

Gosta de subir e descer escadas correndo, mas também aprecia atividades que exigem uma delicada coordenação motora, tal como desenhar. Com um maior domínio na coordenação fina, uma criança de 3 anos já consegue abotoar e desabotoar botões e roupas. É capaz de repetir números e consegue contar até 3; enumera três objetos; tem percepção de três formas diferentes e é capaz de combinar blocos de madeiras e construir torres e pontes.

Escuta palavras com segurança e tem uma maior compreensão das coisas ao ser redor. Gosta se repetir palavras novas — aprendeu com os adultos e os ouve para aprender ainda mais, isto é, ficam ligados em tudo o que é dito. Mesmo tendo um maior desenvolvimento, a fala de uma criança de 3 anos ainda é infantilizada. Sua noção de tempo ainda é fraca, mas já consegue fazer a distinção entre dia e noite.

A sua hora de acordar é variável, mas não tão diferente do que anteriormente, por volta das 7 e 8 horas. É muito comum acordarem choramingando um pouco e chamam primeiramente pela mãe. Normalmente acordam manhosas, “preguiçosas” ou cansadas. Após o despertar, a criança fica ainda um pouco na cama e aos poucos mostra-se disposta para qualquer atividade. Apronta-se com entusiasmo e vai em busca de seus brinquedos ou televisão, isso se não for para a escola pela manhã.

No que diz respeito ao sono, a criança normalmente dorme cerca de 10 horas por noite e já fica sozinha no seu quarto (isso se foi acostumada desde pequena desta maneira). Muitos ainda precisam da presença do pai ou da mãe antes de dormir; sendo assim, um deles fica com a criança no quarto até que esta pegue no sono. Aos 3 anos surge a fase da insônia: podem ter sonhos ou pesadelos durante o sono, podem acordar e ir para o quarto dos pais ou acordarem assustadas por estar com vontade de fazer xixi ou por ter feito na cama ou fralda.

Quando uma criança insiste em se manter na cama dos pais no período da madrugada, pode ser até razoável ceder à sua exigência, mas avisando-a antecipadamente de que irão levá-la ao quarto depois de adormecer. Este se torna às vezes um período complicado, pois elas acostumam ter muitos medos e insistem em dormir no quarto dos pais.

No que diz repeito ao item alimentação, além de já conseguirem comer sozinhas, nesta fase continuam demonstrando grande preferência por leite, frutas e carne. As sobremesas e doces são os mais desejados, já que a criança tem maior percepção de sabor e paladar. Já sabem segurar a colher entre o polegar e o indicador; enchem a colher com facilidade, empurrando o bico para dentro da comida e rodando ao mesmo tempo a colher em direção ao prato. A comida pode ser introduzida na boca de lado ou de bico e executa uma boa rotação do pulso; se há algum derrame é muito pequeno. Exige muitas vezes um garfo para espetar pedacinhos de carne, grãos de feijão, massas ou verduras. Podem usar a mão como apoio em algumas situações que exija uma habilidade refinada.

Embora uma criança de 3 anos coma bem, pode não comer adequadamente à mesa junto à família, necessitando ainda de uma monitoração. Além disso, às vezes pedem para comer o que gostam, rejeitando aquilo que é oferecido.

Apesar de já possuírem um maior controle da bexiga, muitas ainda usam fraldas por uma questão de prevenção. Porém, aos 3 anos a criança já está apta para realizar o desfralde. Mesmo acontecendo alguns deslizes, que é muito comum, a criança aos poucos vai adquirindo mais e mais uma consciência corporal, não necessitando da fralda. Cabe aos pais ter paciência e persistência neste período.

O banho continua sendo um momento agradável para a criança! Ela insiste em cooperar em algumas situações, tais como passar sabão e xampu em si. O mesmo ocorre no ato de vestir, porém há crianças que são mais agitadas e exigem do adulto algumas estratégias: distrai-la com algum brinquedo, música ou desenho animado na TV. Tem umas que oscilam: há dias que cooperam, mas há outros que não.

Apesar de possuir certa autonomia, ainda precisam dos adultos para repetir e lembrar sempre “o que fazer” e “como fazer” – os adultos funcionam como um diretor de todo cenário: “Filho, vamos ao banheiro fazer xixi?”; “Primeiro você passa o sabão no braço, depois na barriga…”; “Como foi que mamãe ensinou? Segura a colher e devagar coloca um pouquinho de comida”; etc.

Os pais ou cuidadores serão nesta fase os mestres da conduta e planejamento da criança. O monitor ajuda a criança com o uso da fala, sem fazer por ela, ou faz para que ela veja e repita. Não fazer pela criança faz com a que ela tenha mais autonomia e aprimore mais ainda seus potencias e habilidades motoras e intelectuais. Assim, as exigências que pareciam tomar muito tempo dos pais parecem perder um pouco de força, já que a criança consegue fazer uma série de atividades sozinha. Com o monitoramento e consenso dos pais, é claro.

Os itens descritos acima são perfis “esperados” de uma criança de 3 anos, mas não significa que todas sejam assim. Umas demoram certo tempo para fazer determinadas coisas e outras avançam. De maneira geral, os 3 anos são um marco psicológico, motor e social, já que é a fase em que crianças desta idade ingressam na escola.

E vocês, mamães e papais, como veem uma criança de 3 anos? Compartilhem suas experiências com a gente.

Beijinhos e até!

Sobre Lilian Britto

Graduada em Psicologia pela Universidade Salvador – UNIFACS e pós-graduada em Psicologia Analítica pela Psiquê - Centro de Estudos C. G. Jung, atua como psicóloga clínica com crianças e adolescentes. Além de coordenadora de cursos da Clínica Psiquê, presta trabalho voluntário na Fundação Lar Harmonia junto a crianças carentes. Apesar de ainda não ser mamãe, é apaixonada por crianças e, por isso, dedicou e dedica a sua formação profissional nesse fantástico mundo infantil.