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Maternidade não tem a ver com parto. Existem mães adotivas muito mais MÃES que algumas mulheres que pariram. Via de parto não define a mãe que você é ou vai ser, até porque os bebês abandonados e jogados em lixeiras geralmente nasceram de parto vaginal e sem assistência.
O que define a maternidade é a forma que você cuida, educa, cria e se importa com aquela criança que depende de você.

Mas vim nesse post desabafo hoje falar sobre parto.

Para quem não me conhece: Eu tive uma cesárea eletiva na primeira gestação pois a minha filha não estava ganhando peso (mas sinceramente não tinha um super desejo de ter normal), depois tive um Parto normal hospitalar sem analgesia mas com procedimentos como a episiotomia e outras intervenções (que hoje sei que são desnecessárias), e estou em busca de um parto natural na terceira gestação (estou com 30 semanas). Quanto mais leio e estudo, mais tenho vontade de falar no assunto. Então por favor, guardem as pedras e tentem entender abaixo. Obrigada!

Eu tenho primas e conhecidas que optaram pela cesárea, que não se imaginam parindo por via vaginal e são muito bem resolvidas sobre o assunto. Podemos passar horas conversando e a posição de cada uma é muito clara e respeitada com direito a risadas durante posicionamentos opostos sobre o assunto. Mães essas que acordam de madrugada como todas as outras, que apesar das dores amamentam seus filhos pelo máximo de tempo que conseguem, que tem 1, 2, 3 filhos sem babá e se viram com o trabalho e a casa.
Quem foi que disse que são menos mães? Ninguém disse isso! Porque algumas pessoas misturam parto com a forma de maternar? Porque algumas pessoas se sentem ofendidas quando alguém fala sobre uma forma de parto diferente da delas?

Em 2012 escrevi aqui no blog que quem escolhe o parto é a mãe e que a minha escolha tinha sido a cesárea e que eu não me arrependia, mas que um dia eu poderia mudar de opinião. Em 2013 eu escrevi sobre Sobre o meu renascimento do parto.

As pessoas que falam de parto normal e fazem um trabalho ativo apenas querem que outras pessoas que ainda vão ter seus filhos se informem sobre os riscos e realidade de cada procedimento. A intenção (da maioria das pessoas) não é julgar quem fez ou não cesárea. Eu sei que existe quem julga, mas não é o meu caso e nem da maioria das pessoas sérias que eu conheço.

Essas mulheres (como eu atualmente) que sentem necessidade de “ativar” outras e acabam se tornando repetitivas, essas sim se sentiram vitimizadas e violentadas pelo sistema e querem levar informação pra quem ainda não tem consciência sobre a realidade obstétrica no Brasil. Não é uma questão de ser chata e sim de querer que outras pessoas saibam o que elas aprenderam com o tempo e experiência, algumas vezes quebrando a cara.

Se a minha experiência com o Parto normal foi diferente e transformadora, essa é uma experiência MINHA. Doeu? Doeu pra caramba! O pós-parto foi ótimo? Não! O da minha cesárea talvez tenha sido até melhor pois eu estava preparada para ficar costurada e de resguardo. Nem por isso eu vou abrir mão de ter uma outra experiência e estou apostando as minhas fichas em um normal sem episiotomia pois EU tenho necessidade de saber como vai ser e depois vou voltar aqui e contar. Se eu precisar de uma cesárea de última hora eu vou fazer tranquila e feliz para receber a minha filha, consciente de que a cirurgia foi necessária.

Quem não passou por isso tem todo o direito de não entender, mas não de fazer uma interpretação errada. Eu também achava que a minha cesárea tinha sido ótima e não tinha neuras, até me informar melhor e viver outra experiência. Quando eu relaciono os meus partos, eu falo do MEU. Eu não falo da SUA cesárea e do meu Normal. Já falei sobre como a experiência foi transformadora aqui e porque defensoras do parto normal são “chatas”. Se “você” acha que não precisa disso para se sentir mais mulher, OK. É um direito seu. Mas EU passei pelas duas situações e posso afirmar que é sim diferente.

Eu também achava a cesárea uma ótima opção, mas cada dia que passa e que eu fico sabendo de mães em UTIs e em cirurgias de emergência por conta de complicações, mais eu vejo que não é uma questão simples de escolha, mas de assumir riscos inconscientemente pois nem sempre esses riscos são informados pelos médicos. Será que deu pra entender?

O nascimento de um filho é um momento especial e único. A emoção é incontestável. Cada vez que falo ou leio sobre parto e alguém justifica que não é menos por ter feito cesárea, me dá ma preguiiiiiça! Muitas mulheres que tiveram cesárea acham que quem está falando sobre parto normal está de “Mimimi”. Não!!! Mimimi é ler “A” e interpretar “B”. Por favor, ninguém está enfiando o dedo onde não tem ferida! Porque as pessoas se sentem cutucadas e incomodadas? Quem realmente está bem resolvida com a sua escolha, não se ofende, não se importa, não discute se é menos ou mais mãe. Isso não existe!

O que se discute é a saúde pública e como as mulheres devem se informar sobre os procedimentos, se empoderar e ter direito a um atendimento mais respeitoso.

Os fatos são:

  • A cesariana é utilizada em excesso;
  • Partos ‘normais’ estão cheios de intervenções desnecessárias;
  • Forçar um parto normal na rede pública pode ser ainda mais traumatizante para a mulher;
  • Muitos médicos, enfermeiras e profissionais não estão preparados para dar um atendimento digno;
  • Os partos em geral estão cheios de violência;
  • A cesárea aumenta o risco de complicações materno-fetais;
  • A cesárea salva vidas quando é bem indicada;
  • O bebê tem menos chance de desenvolver anemia no primeiro ano de vida se receber mais sangue do cordão umbilical;
  • O bebê não precisa de procedimentos hospitalares quando nasce e sim do colo da mãe;
  • Precisamos de profissionais qualificados e respeitosos na saúde.
Riscos e realidade obstétrica no Brasil (parto normal e cesárea)
Riscos e realidade obstétrica no Brasil (parto normal e cesárea)

Espero que eu tenha sido um pouco mais clara de qual é o meu posicionamento e porque o assunto vem sempre à tona. 

Beijos com carinho!

Aninha

Sobre Aninha

Mãe de um trio de meninas: Bruna (6), Clara (4) e Alice (2). Dedico meu tempo à minha família e ao LookBebê. Antenada, adoro redes sociais e tecnologia e mais ainda, compartilhar conhecimento e informações sobre a maternidade. Sou (fui) Biomédica, pós-graduada em Engenharia Biomédica, mas optei por mergulhar de cabeça na maternidade.