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A circular de cordão não é um problema se o fluxo de sangue do cordão umbilical está normal.

Na minha primeira gestação, sem muitas informações e sem a “ambição” de ter um parto normal, me assustei com 3 observações que a médica ultrassonografista fez com 37 semanas e meia de gravidez:

  1. a minha filha não estava ganhando peso adequadamente
  2. tinha 2 circulares de cordão (voltas do cordão no pescoço do bebê)
  3. estava com o mínimo de líquido considerado normal.

Ela sugeriu que fosse feita a cesárea logo para que a bebê ganhasse peso aqui fora. Fiquei assustada, chorei e fui direto para a minha médica (do convênio). O líquido amniótico realmente não poderia diminuir mais, e por isso ela me afastou do trabalho e pediu para fazer repouso e beber bastante líquido. Por causa do cordão e do peso, marcamos a cesárea para o dia em que eu completava 39 semanas (eu tive a sorte de ela ter a preocupação de esperar esse tempo para não levar bronca do pediatra por ter tirado antes).

Como disse anteriormente, eu não fazia questão de ter um parto normal e por isso não “grito aos quatro cantos” que tive um “parto roubado”, mas de certa forma foi isso que aconteceu, não só pelas informações passadas pelos médicos mas pela MINHA falta de informação. Se eu soubesse que seria “boa parideira”  (rsrs) como descobri depois, com certeza teria esperado e tentado o parto normal, mas escolhi a praticidade e o caminho mais “fácil” que era saber quando minha filha iria nascer e garantir logo que ela estaria ‘segura’ comigo. Eu não sabia na época que os riscos da cesárea são muito maiores que do Parto normal.

O líquido foi revertido facilmente e as outras duas observações da tal médica poderiam ser ‘desmascaradas’ pelo mesmo exame de US: o fluxo do cordão e os batimentos estavam normais.

Considerando o óbvio, que O BEBE NÃO RESPIRA PELO PESCOÇO, o que importa se o cordão está enrolado ali? Isso é tão comum que está presente em mais de 30% dos bebês.

O cordão só compromete a saúde do bebê tiver com um nó verdadeiro (foto) ou se for comprimido, diminuindo as trocas materno-fetais, e isso é observado no doppler nos ultra-sons e com o monitoramento dos batimentos cardíacos do bebê.

Nó verdadeiro de cordão
Nó verdadeiro de cordão (fonte)

 

Durante o trabalho de parto, o bebê, com ou sem circular, precisa ser auscultado com frequência para monitoramento da frequência cardíaca fetal (inclusive e principalmente durante as contrações) ou ser monitorado continuamente no exame conhecido como cardiotocografia. Se houver grandes quedas nos batimentos em várias contrações seguidas, pode não ser bom prognóstico para o parto normal, mas isso só pode ser observado no momento do trabalho e parto e por isso essa informação nos ultra-sons de rotina é desnecessária.

Em casos de compressão do cordão e indicação de sofrimento fetal, a cesareana de emergência pode salvar a vida do bebê e ela deve acontecer imediatamente.

A circular só precisa ser desfeita assim que a cabeça sai se estiver muito justa e dificultando a saída do bebê.

Vejam um parto natural de um bebê com 5 circulares de cordão nos 40 primeiros segundo do vídeo abaixo:

Se precisarem de mais informações técnicas e referências de estudos, vale a pena ler A Falácia da circular de cordão, no blog da Dra. Melania Amoria, Estuda, Melania, Estuda.

Foto de destaque: Fonte

 

Sobre Aninha

Mãe de um trio de meninas: Bruna (6), Clara (4) e Alice (2). Dedico meu tempo à minha família e ao LookBebê. Antenada, adoro redes sociais e tecnologia e mais ainda, compartilhar conhecimento e informações sobre a maternidade. Sou (fui) Biomédica, pós-graduada em Engenharia Biomédica, mas optei por mergulhar de cabeça na maternidade.