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Conforme a gravidez evolui, a pergunta “Qual o tipo de parto você vai querer?” surge. Se a gestante usa plano de saúde, não é ativista e nem muito interada do assunto, vai falar: “Vou esperar pra ver se nasce, senão faço cesárea mesmo.” Pronto, está agendada mais uma cesárea. Foi assim comigo na primeira gestação e é assim que acontece com milhares de outras brasileiras.

Se a mãe é um pouco mais informada, ela vai fugir do médico que fala que “isso não precisa ser conversado ainda”, ou que “chegando lá a gente vê”. Porque na maioria desses casos, mesmo se a mulher entra em Trabalho de Parto (TP) , ela vai acabar indo pra cirurgia “porque está demorando para dilatar”, “não tem passagem” ou pior ainda, com uma desculpa esfarrapada de circular de cordão. (Não está em questão aqui as decisões embasadas e conscientes de quem opta pela cesárea, respeitando o tempo do bebê).

Na segunda gestação eu tive vontade de tentar o Parto Normal (PN), e meu marido era um pouco contra. Ele pensava: “Pra que sofrer??? Você já fez uma cesárea, não é mais fácil fazer outra? Já sabemos como é.”

Na época me consultei com um médico bambambã a favor do PN e ele nos tranquilizou que eu não precisava sofrer horas a fio, que poderia tomar analgesia a partir de um certo momento, e que se não entrasse em TP naturalmente ele poderia induzir com descolamento de bolsa e sem ocitocina sintética, que dizem ser horrível e dolorosa. E que ter um Parto normal era melhor tanto para o bebê quanto para mim.

Bom, ficamos mais tranquilos e dispostos a tentar! Apesar de ele achar que eu não “precisava disso”, meu marido me apoiou e ficou ao meu lado. Era muito importante ele ir na consulta e esclarecer as dúvidas que tinha. No fim das contas entrei em TP com 38 semanas e 6 dias, não precisei de indução e nem tive analgesia. O TP aconteceu sem muito acompanhamento médico  (pois como já contei diversas vezes aqui ele estava viajando – leia Os pródromos e o Pré-trabalho de parto), fui até a maternidade com contrações de 5 em 5 minutos, voltei pra casa sem dilatação e quando cheguei na maternidade novamente estava com 7cm. A médica chegou no momento do expulsivo e por isso não deu tempo da analgesia (que eu pedia, mas hoje agradeço por não ter tomado). Tive episiotomia (e sabia que teria). Depois do parto eu e meu marido estávamos com a adrenalina a millllll, surpresos por termos conseguido o PN ainda mais sem analgesia. (leia o meu extenso e detalhado relato de parto VBAC – Parto normal após cesárea)

Sabem o que o meu marido preferiu?? Palavras dele: “Mil vezes o normal”. Ele disse que até hoje lembra daquele cheiro horrível de churrasco queimado do bisturi elétrico na minha cesárea. Eu via o brilhos nos olhos dele quando contava que eu tinha conseguido ter o Parto Normal e ainda sem analgesia. Ele mal acreditava e eu também não. Depois do parto eu repetia: “Caramba, EU CONSEGUI!! Surreal!!!”

Mesmo assim eu sei que eu não me preparei o suficiente para o PN. Eu acreditei no médico que a episiotomia era necessária e mais segura do que esperar uma laceração. Eu me submeti a procedimentos como: ficar deitada na maca esperando a dilatação total (me dando uma bela dor no cóccix); fazer episiotomia (+ episiorrafia e ponto do marido – post); ter o bebê levado para pesar, medir e etc; dar mamá somente na sala de recuperação pois a sala do centro obstétrico estava muito gelada para o bebê voltar pra lá; refazer os pontos que abriram.

E ai, o que aconteceu? Eu engravidei da terceirinha sem querer. Já sabendo que eu era capaz de PARIR e acreditando em mim, o que mais eu poderia querer? Um Parto Natural, oras!

Aí, o marido já ficou inseguro novamente. “Ahhh, mas não quero que seja em casa. Tem que ser no hospital e com um médico de confiança”. Concordei. Eu acho o seguinte: a filha é nossa! Apesar do parto ser meu, se ele não se sente seguro fora de um hospital, eu respeito e vou para o hospital, desde que seja um hospital preparado para o PN e no qual eu não tenha que me submeter aos procedimentos padrões deles e ficar deitada esperando a médica chegar. Hoje, felizmente, EU sei o que eu quero. Eu sei que consigo, eu sei que é possível.

Se a minha gravidez continuar evoluindo sem qualquer complicação e os resultados dos exames forem sempre tranquilizadores, uma vez que eu já tive um parto normal tranquilo, EU, Aninha, encararia sim um parto domiciliar, mas como não tenho uma maternidade a menos de 20 minutos de casa, nem insisto nisso. Prefiro deixar meu marido e família também seguros em um ambiente com todos os recursos para atender qualquer complicação. (por enquanto… hahaha vamos ver até o final da gravidez. Até o marido fala as vezes: “É… aqui já temos banheira, chuveiro, etc. Eu acho que até encarava aqui em casa.” Acho que ele está me testando pra ver se eu “mostro as garras” e falo que quero ter um parto domiciliar… rsrsrsrs)

Uma coisa eu sabia: a equipe do médico antigo não é a equipe ideal para o tipo de parto que eu quero, apesar de ser uma ótima equipe e muito qualificada. Para que as minhas vontades sejam respeitadas eu preciso de uma equipe humanizada. Aí peguei a indicação com a minha amiga (no post eu ainda estava em dúvida se mudava de médico, mas já decidi que sim).

E o medo do meu marido é: Será que eles vão “saber parar” na hora certa se for preciso? Será que não vão insistir em um parto natural e passar dos limites? Essa ‘coisa’ de humanizado é segura?

As respostas são Sim, não e SIM. Busco um equipe qualificada. Não vou pegar uma doula qualquer (como em qualquer profissão existem pessoas mais e menos qualificadas, mais e menos responsáveis) e ficar em casa 2 dias em trabalho de parto em casa, sem escutar os batimentos do bebê periodicamente. E se os batimentos cairem, não vou ficar horas esperando melhorar sem ir para um hospital.

Ele não conseguiu ir à primeira consulta com a médica humanizada, mas vai nas demais e vai esclarecer todas as dúvidas que tiver. Quero (e ele também quer) estar seguro em relação as minhas escolhas. Quero que sejam nossas escolhas.

Então, porque ter medo? Eu já não tive um PN sem analgesia? Qual a grande diferença (pra ele, pai)? Ainda nenhuma, até ele se informar melhor. Claro que cada parto é um parto, e que temos que ter precauções em todos. Se eu precisar do bisturi elétrico para salvar minha filha, que ele venha. Se eu não precisar de intervenção (o que eu acredito mesmo depois do meu VBAC), vai ser um sonho, dolorido (rsrs), mas um sonho. E hoje eu sei que é possível. Estando com uma equipe de humanizado, meu parto será o mais respeitoso possível e isso é tudo o que eu quero.

Quero pegar minha filha ao nascer, quero contato, pele com pele, quero namorar ela o quanto eu quiser, quero viver uma experiência única e fechar com chave de ouro. E isso não é exagero, é o mínimo que um bebê que sai quentinho da barriga da mãe merece.

Se o seu marido é como o meu e a maioria, e não participa ativamente de discussões sobre o assunto, sugiro que leiam o post do Hilan do Potencial Gestante, sobre o Empoderamento Paterno e vejam o vídeo lindo do parto domiciliar da Sansa!

Ahh!! Também acessem o facebook dele (marido) e curtam a página do O Renascimento do Parto como eu fiz. Vez ou outra o assunto vai aparecer pra ele ler e se informar mais. 😉

P.S. Só na hora do parto sabemos como o corpo irá responder. Quando eu falo em decidir pelo parto normal, é decidir, se informar, se empoderar e estar pronta para tentar. Existem sim algumas indicações de cesáreas que salvam vidas, mas não são tão necessárias como tem sido feitas.

Que tenhamos cada vez mais maridos empoderados ao nosso lado!

Clique aqui para ler sobre o Meu Renascimento do Parto

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Bjossss

Sobre Aninha

Mãe de um trio de meninas: Bruna (6), Clara (4) e Alice (2). Dedico meu tempo à minha família e ao LookBebê. Antenada, adoro redes sociais e tecnologia e mais ainda, compartilhar conhecimento e informações sobre a maternidade. Sou (fui) Biomédica, pós-graduada em Engenharia Biomédica, mas optei por mergulhar de cabeça na maternidade.