O ideal é que o bebê seja preservado nos primeiros 2 ou 3 meses de vida, até que tenha tomado pelo menos as primeiras doses de todas as vacinas e esteja um pouco mais forte e resistente. Deve-se evitar nesse período locais fechados com grande número de pessoas como aeroportos, rodoviárias, shoppings, hospitais, escolas, etc, mas uma ida até a casa da avó não é de todo um mal (entretanto se ela puder ir visitar, melhor) e um passeio de carrinho ao ar livre (protegido do vento) é mais do que indicado.
Ter tomado as primeiras doses das principais vacinas também não é o mesmo que receber uma “carta de alforria”. O bebê é sempre um bebê e precisa de cuidados. O bom-senso deve prevalecer, os locais cheios de gente e de doenças devem ser evitados e o álcool gel estar sempre à mão, já que as pessoas da rua muitas vezes são sem noção e saem pegando na mãozinha do bebê.
A primeira vacina natural que o bebê recebe é o colostro, líquido que antecede o leite materno. Ele é amarelado e rico em células imunologicamente ativas, anticorpos e proteínas, conferindo proteção ao bebê contra várias infecções.

O colostro está presente no seio materno no final da gestação e no dia do parto ele se apresenta ainda mais rico. As primeiras horas de vida do recém-nascido são chamadas “golden hours” e por isso a amamentação e contato imediato com a mãe é tão importante. O leite materno geralmente “desce” de 24 a 72h horas depois do parto, mas quem imagina que a partir daí o colostro não está mais presente se engana. Ele ainda fica presente, cada vez em quantidades menores, durante os primeiros 15 dias de vida do bebê que é amamentado.
O colostro ajuda a regular o próprio sistema imunológico em desenvolvimento:
- É rico em vitamina A que ajuda a proteger os olhos e a reduzir as infecções.
- Ao estimular os movimentos intestinais para que o mecônio seja rapidamente eliminado, ajuda na prevenção da icterícia.
- Vem em volumes pequenos, de acordo com a capacidade gástrica de um recém-nascido. (Fonte)
Passados os 15 dias, o bebê continua recebendo anticorpos e outras ricas substâncias através do leite materno, contribuindo assim para o sistema de defesa. Dessa forma o bebê que é amamentado na primeira hora de vida e também nos dias e meses subsequentes está melhor protegido do que um bebê que não recebe o leite materno, embora esse não seja o único fator determinante para a manutenção da saúde do bebê.
Um grande motivo para sair de casa antes desse período é pelo bem estar da mãe. Como falei no post O pós-parto da MÃE… do pai, da sogra, da tia, sofremos uma alteração grande de hormônios, rotina e privação do sono e muitas mulheres no puerpério passam pelo Baby Blues, uma melancolia que toma uma proporção maior e incontrolável. Para que ela não se sinta sozinha, isolada e cansada, um belo banho, maquiagem, roupa e uma saída podem representar muito. Quando a mãe fica bem, o bebê fica bem, e isso é o mais importante. Pode ser um parque, a casa de amigos ou um restaurante mais vazio. É importante sair um pouco de casa e respirar outros ares.
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Não sou nenhum exemplo de pessoa que fica reclusa nos 40 primeiros dias após o parto, mas vou contar sobre as minhas experiências com as meninas.
Bruna
Primeira filha (de cesárea agendada) fizemos praticamente uma festa na maternidade. Recebemos todos os amigos, colegas de trabalho e quem mais quisesse visitar. Foi muita gente mesmo! Com 3 dias (no dia da alta da maternidade) a Bruna engasgou feio em casa e a levamos para o atendimento próximo de casa. Fez até raio-x para ver se não tinha ido nada para o pulmão. De lá encaminharam para um hospital em SP. Imagina nosso medo de entrar em um pronto-socorro com uma bebê de 3 dias! Com 4 dias saímos novamente com ela para a consulta na pediatra. Com 1 mês e 15 dias fomos para Minas passar o Natal com a minha família, mas tomamos cuidado ficando a maior parte do tempo em casa e com familiares. Na volta, resolvemos fazer um “L” e passamos para visitar a outra parte da família, já que todos estavam ansiosos para conhecer a primeira neta/sobrinha. Depois que voltamos ela teve um quadro de febre altíssima (sem mais nenhum sintoma) e com 1 mês e 20 dias precisou tomar remédio indicado a partir de 6 meses intercalado com outro para controlar a temperatura. Ficamos super chateados de termos exposto ela a isso e a partir daí ela ficou bem mais em casa.
Clara
Com 6 dias teve a sua primeira consulta na pediatra. Atrasamos e já eram mais de 14h quando saímos de lá com a Bruna, de 2 anos e 2 meses sem almoçar. Precisávamos comer então entramos em um restaurante próximo dali que já estava vazio e escolhemos uma mesa no canto. Parecia um tanto absurdo e os garçons não acreditavam que estávamos na rua com um bebê tão pequeno, mas não tínhamos o que fazer. Eu precisava alimentar minha filha mais velha, eu precisava comer, e o bebê estava ali dentro do bebê-conforto quietinha e protegida (na medida do possível) com uma manta. Para irmos até a nossa casa seria pelo menos mais 45 minutos no carro. Não dava. Fizemos a melhor escolha dentro do que poderíamos.

Como eu falei no post A difícil reclusão no pós-parto… quando se é mãe de mais de 2, ela existe?, a vida quando se tem mais de 2 filhos tem que seguir, já que na maioria das vezes o mais velho vai para a escola. Ela ia buscar a irmã comigo dentro do sling e depois de 15/20 dias já tinha ido ao supermercado. Sempre foi enroladinha no sling, mas ia. Alguns dias antes de completar 2 meses fui convidada para um evento do Ministério da Saúde em Brasília (post), e mesmo sem ter tomado as vacinas optei por irmos (apesar de ter que enfrentar aeroporto, etc).
Alice
A Alice completou hoje 14 dias e pela primeira vez saiu de casa. Ela não tinha ido nem até a portaria do condomínio já que nasceu em casa e todas as consultas da pediatra neonatal também foram feitas aqui.
Pela primeira vez em 10 dias (depois da volta as aulas) meu marido não conseguiria buscar a Bruna, e como tivemos alguns imprevistos aqui e já não contávamos com a ajuda das avós (minha avó fraturou o fêmur e minha mãe teve que voltar pra Minas há 3 dias), ‘juntei minhas meninas’ e fomos buscar a irmã na escola.


Quando precisar sair, uma ótima opção é o wrap sling (post) ou outros carregadores de bebê pois protegem o bebê dos curiosos e dos carinhos de mão suja. Quero ver quem vai tentar passar a mão no bebê! hahaha
Não foi programado senão eu teria fotos lindas, estaria maquiada e de cabelos soltos. hahahah Por enquanto contribuo com a #MaternidadeReal mesmo.
Bjssss
Imagem: Bebê passeando de carrinho ShutterStock