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A partir dos 2 anos, os últimos dentes de leites nascem. A criança deixa de ser bebê e passa a caminhar em direção à maturidade e à independência, mas não deixa ainda de ser uma criança-bebê, pois o desenvolvimento físico-motor — bem como a fala — estão a todo vapor e se ampliando. Uma criança de 2 anos de idade deixa de ser totalmente dependente, capaz de se comunicar apenas de formas primitivas, para tornar-se um indivíduo competente e comunicativo. Mudanças físicas também ocorrerão no sistema nervoso de uma forma mais lenta ao ser comparada com os primeiros meses de vida, ocorrendo também mudanças no peso e altura.

Essas mudanças gradativas combinam-se para capacitar a criança a realizar uma firme evolução no desenvolvimento motor. Ela ainda não possui uma postura totalmente ereta, caminha ligeiramente com as pernas um pouco dobradas e anda com os braços para fora e para trás. Ao correr ainda precisa se inclinar para frente, dando um pequeno impulso. A sensação é de que vai “se estabacar” (cair de cara; com forte impacto) quando sai energicamente em direção a alguém ou a algum objeto. Consegue chutar a bola com uma perna, mas ainda não tem equilíbrio suficiente e sustentação para ficar de uma perna só, já que ainda não possui uma grande elasticidade nos joelhos.

Nesta fase adoram correr, pular, arrastar, puxar, empurrar, subir em coisas, têm um maior manejo com as mãos (encaixar, desencaixar, girar, rodar, mexer, empilhar). Ainda demonstram grande prazer em brincar sozinhas, chamando/convidando, às vezes, alguém para participar. Apresentam nessa fase dificuldade em partilhar suas coisas — início da fase “é meu!”. A prática do bater, morder, arranhar e puxar é muito característica dessa fase dos 2 anos. Em compensação, têm mais habilidade e domínio no ato de comer: já conseguem usar talheres e beber no copo e, muitas vezes, não gostam de receber ajuda, pois querem fazer ou pegar sozinhas.

Suas experiências de vida vão sendo organizadas a partir do manuseio dos objetos, do apertar, agarrar, mexer, esconder e fugir. Imitam tarefas domésticas da lavagem de roupa, varrer a casa, carregar sacolas e se entretêm com bonecas. Mostram interesse pela representação da relação mãe e bebê.

Uma criança de 2 anos acorda entre 7 e 8 horas da manhã e, muitas vezes, continua certo tempo no berço. Após terem trocado a fralda ou irem até o penico com a ajuda da mãe, gostam de ficar observando os adultos se arrumarem, tomando banho, escovando os dentes, entre outras atividades. Após se alimentar, ela passa bom tempo entretida com seus brinquedos, televisão, cozinha e parque. Mantém-se concentrada em suas brincadeiras.

O almoço passa a ser o momento da grande refeição do dia, pois já conseguem sentar e comerem sozinhas, com o uso de talhares. No meio da tarde, às vezes o soninho chega e tiram um cochilo de 1 hora. Acordam tranquilos e sem choro. Voltam a brincar e gostam de observar os adultos. No final da tarde tomam banho com ajuda de um adulto e lancham. Continuam brincando e interagindo com os objetos e pessoas. À noite comem um pouco menos e algumas crianças ainda gostam de tomar leite antes de dormir. Elas sentem sono entre 20h e 21h; e em alguns casos podem até dormir mais cedo, umas 19h. Um dos sinais do sono é a birra, cansaço, pegar a chupeta ou algum bichinho de pelúcia ou paninho e ficar abraçado, cheirando ou acariciando — é o “auto-ninar”.

No que diz respeito ao banheiro, a criança começa a ter mais noção acerca da retenção e eliminação, dando início ao desfralde durante o dia e passando a pedir e/ou frequentar o vaso/penico. A entrada e o apoio dos pais são de suma importância, pois darão a noção da criança de segurar, pedir e noção de consciência e sensação corporal. Entretanto, ela ainda precisa da fralda durante a noite, já que não consegue acordar e levantar sozinha para ir ao banheiro. Algumas crianças podem apresentar certa resistência em sentar no vaso para fazer o “número dois” por estranhamento, receio e inibição. Acontece muitas vezes elas estarem com vontade, chamar um dos pais para ajudar e ao sentar no vaso/penico “travam”. No ato de vestir, é capaz de tirar sozinha os sapatos, assim como meias, shorts e calça. Pode também tentar vestir uma parte da roupa, mas os resultados não tão perfeitos – pelo avesso, torto ou contrário, como por exemplo: enfiar os dois pés na mesma perna da calça.

No item sociabilidade, uma criança de dois anos, com a consciência cada vez maior, atravessa um período de timidez em relação aos estranhos, especialmente aos adultos. Sentem vergonha e tentam se esconder ou ficar bem próximas (agarradas) aos pais ou a um adulto conhecido. O seu melhor período é à tarde, em casa, com livros e músicas, reagindo com bom agrado às melodias infantis e qualquer gênero de livro com figuras em relevo ou que produzem algo tipo de som — os tateia repetidas vezes. Nesta idade o pai é uma figura de grande preferência da criança, embora ela possa querer mais a mãe diante de um problema, conflito ou na hora de dormir.

Enfim, depende de cada uma, lugar, família e cultura!

E seus filhotes de 2 anos, são assim? Diferentes? Iguais? Contem suas experiências…

 

Sobre Lilian Britto

Graduada em Psicologia pela Universidade Salvador – UNIFACS e pós-graduada em Psicologia Analítica pela Psiquê - Centro de Estudos C. G. Jung, atua como psicóloga clínica com crianças e adolescentes. Além de coordenadora de cursos da Clínica Psiquê, presta trabalho voluntário na Fundação Lar Harmonia junto a crianças carentes. Apesar de ainda não ser mamãe, é apaixonada por crianças e, por isso, dedicou e dedica a sua formação profissional nesse fantástico mundo infantil.